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terça-feira, 1 de março de 2011

Açudes se rompem e deixam cidade ilhada

"Eu só vi a água por cima da pista quando bateu no pneu da moto. Aí de repente subiu muito rápido e eu tive que escolher entre tentar segurar a moto e Tetê (passageira). O outro que estava na moto, James Viana, sabia nadar e saiu correndo para pedir ajuda. Tetê eu segurei pelos cabelos. Ela gritava dizendo que não sabia nadar e com a dor, mas era o único jeito".

A narrativa acima é do garçom Luís Antônio Batista, de 29 anos, se referindo ao drama que viveu às 3h da madrugada de ontem na entrada de Campo Grande, logo depois de uma chuva de aproximadamente 100 milímetros na região que compreende os municípios de Upanema, Caraúbas e Campo Grande, fazendo se romper o açude da propriedade do doutor Cristiano e, em seguida, outros na propriedade da família Lourenço.

O grande volume de água fez subir pelo menos 10 metros no riacho Ariosa, que passa ao lado de Campo Grande. Como o bueiro na BR-110 não comportou, a água lavou a pista numa extensão 100 metros, com lâmina de pelo menos 1 metro de altura. Pelo menos 30 metros da pista foram totalmente arrancados e outros 50 metros tiveram a metade levados pela água.

Além da moto do garçom Luís Antônio e os passageiros Tetê e James Viana, a correnteza também surpreendeu quase no mesmo momento o agricultor Lindemberg Martins e um vizinho num moto Titan e o motorista de alternativo Romualdo Vieira de Melo Neto, que dirigia um Pálio prata com três passageiros - uma senhora e duas crianças.

"Ele desceu para observar se dava para passar e a água veio e levou o carro dele. Deu tempo só de tirar as crianças e a senhora do carro", conta Isaac Patrício, secretário de Tributação da Prefeitura de Campo Grande, lembrando que a prefeitura já decretou estado de emergência e pediu ajuda do Governo do Estado para que a Petrobras empreste uma ponte móvel para restabelecer o acesso à cidade, que ficou isolada.

O riacho Ariosa baixou, mas mesmo assim o acesso a Campo Grande para quem está em Janduís, Triunfo Potiguar ou Caraúbas, só é possível por canoa ou a nado num local próximo ao trecho da BR-110, que foi destruído. Para quem está em Mossoró, o único acesso é pelo município de Upanema - a BR-110 é de barro e está com tráfego dificultado devido à buraqueira ocasionada pelas chuvas fortes dos últimos dias.

As duas motos foram encontradas enterradas na areia. O carro não foi encontrado. Acredita-se que esteja dentro do Açude Barra de Pepê, que fica distante 8 quilômetros do local. O Corpo de Bombeiros de Mossoró esteve em Campo Grande ontem realizando diligências junto com os moradores, mas não obteve êxito. "O mais importante é que estamos vivos aqui para contar a história", diz Luís Antônio à reportagem do JORNAL DE FATO.

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