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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Prefeito demite 120 em Alexandria

O quadro é de insatisfação geral em Alexandria. A Prefeitura atrasou os pagamentos dos fornecedores e os salários dos servidores, além de demitir 63 comissionados e outros 60 diaristas. O prefeito Alberto Maia Patrício Figueiredo reconhece que realmente está devendo e que fez as demissões e cortes para equilibrar as contas do município, que tem 13,5 mil habitantes.

O mototaxista Antônio Rodrigues diz não entender como a Prefeitura se endividou tanto nos últimos dois anos. "A princípio, é relativamente fácil compreender", diz João Patrício, secretário de Finanças do Município. "Basta compreender que o Brasil, para se defender da crise econômica mundial, usou os recursos que eram destinados aos municípios", explica.

Assim como Antônio Rodrigues, os comerciantes estão confiantes que as coisas vão melhorar no próximo ano, com o governo Rosalba Ciarlini. O comerciante Leomar Ferreira de Souza, que é vereador, observa que o município de Alexandria passa por um dos piores momentos de sua história em termos de finanças e que a Câmara está disposta a contribuir. "Sou vou compreender se me mostrarem onde foram parar os recursos". O prefeito Alberto Patrício explicou: De janeiro a outubro de 2008, o Governo Federal repassou R$ 44 bilhões aos 5.564 municípios brasileiros. No mesmo período de 2010, o Governo Federal só repassou R$ 40,4 bilhões. "Esses são dados da Confederação Nacional dos Municípios (CNM)", diz Alberto.

Em se tratando de Alexandria, a CNM informa que o prejuízo só em 2010 chega a R$ 370 mil. E esta queda nos obrigou a cortar em todos os setores. No caso, foram demitidos 63 ocupantes de cargos comissionados, cerca de 60 diaristas. "Com estes cortes, esperamos economizar R$ 50 mil. Vamos reduzir também R$ 18,4 mil com combustíveis, 5 com contratação de bolsistas, R$ 5 mil com manutenção da frota de veículos. Outro R$ 5 mil com manutenção de tratores. E, observando as medidas de contenção de despesas adotadas em outros setores, esperamos reduzir 100 mil", diz o secretário de Finanças João Patrício.

Ontem, o prefeito Alberto Patrício não estava na cidade. Por telefone, informou que foi muito difícil reduzir R$ 15 mil dos R$ 60 mil que gasta mensalmente com combustível. "São carros que levam pessoas para atendimento médico em Mossoró e Natal. São carros que não posso parar de rodar", diz. Disse também que foi difícil cortar a bolsa destinada para 33 estudantes. "Eu sei que eles precisam, mas se não for feito cortes, não tenho como fazer a prefeitura funcionar", diz.

De fato as portas da Prefeitura ontem à tarde estavam fechadas. No gabinete do prefeito, estavam reunidos secretários e o presidente da Câmara Municipal. O prefeito Alberto Patrício disse que sua meta é concluir o governo no dia 31 de dezembro de 2011 com as contas da Prefeitura saneadas. Se até lá o Governo Federal devolver os valores que cortou dos municípios, ele não descarta a possibilidade de recontratar os mais de 100 demitidos.

Mesmo com as explicações, o mototaxista Antônio Rodrigues disse que não entendeu. Segundo ele, falta administração. O prefeito Alberto Patrício encerra a entrevista pedindo compreensão à população de Alexandria pelos cortes. Diz que foi necessário, pois estava com um déficit de aproximadamente R$ 100 mil/mês e que é melhor demitir do que ficar contratando sem pagar. O Ministério Público Estadual está acompanhando tudo.

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