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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Debate vira embate entre canditados na Bandeirantes

As previsões erraram. Quem apostou em debate sem sal entre os candidatos à Presidência se surpreendeu com o literal embate promovido ontem pela TV Bandeirantes. Aborto, Erenice, Deus, privatizações. Todos os temas polêmicos foram abordados. Cutucando as feridas, José Serra (PSDB) saiu-se melhor, deixou Dilma Rousseff (PT) de saia-justa, com a petista traída pelo raciocínio em diversos momentos. Mas ele também não respondeu diretamente aos assuntos.

Logo de cara Dilma deixou de lado o conservadorismo adotado no primeiro turno e tocou em feridas tucanas. Não esperou ser provocada pelo adversário para falar sobre escândalos e indagou Serra se era correto seu candidato a vice, Índio da Costa (DEM), procurar a todo momento atingi-la de forma "caluniosa." Era tudo o que Serra queria.

"Creio que vocês (petistas) confundem reportagens com coisas orquestradas. Sobre os escândalos de corrupção na Casa Civil dizem que é coisa da imprensa; sobre o aborto, você, Dilma, disse ser a favor da liberação e agora diz o contrário. Não pode ter duas caras", disparou o tucano, que ainda ligou a candidata a ex-presidentes em baixa. "Ela tem dois ex-presidentes, o (Fernando) Collor e o (José) Sarney. Os meus são o Itamar (Franco) e o Fernando Henrique."

Dilma rebateu e disse para o adversário tomar cuidado com suas "mil caras". "O que não pode é a sua mulher (Mônica Serra) dizer que sou a favor da morte de criancinhas." E o acusou de regulamentar o aborto no SUS (Sistema Único de Saúde). "A lei do aborto é de 1940 e eu nasci em 1942. Nem espiritualmente poderia ter sido o autor da lei. O que fiz como ministro foi criar norma técnica que balizasse casos de aborto no SUS, como os decorrentes de estupro e quando há risco à vida da mãe", salientou o tucano.

"Eu nunca fui a favor do aborto. Você foi e agora tenta se vitimizar. Com relação a Deus, a mesma coisa, e ao escândalos na Casa Civil também. Uma pessoa ligada a você durante sete anos (Erenice) organizou esquema monumental de corrupção e você diz que não tem nada a ver", reforçou Serra.

Dilma, por sua vez, insistiu em comentar as privatizações, o calcanhar de Aquiles do governo FHC e do PSDB. E atribuiu ao adversário as privatizações da Vale do Rio Doce e da Light, além de sugerir que Serra quis vender a Nossa Caixa à iniciativa privada. Serra defendeu-se. Disse que a privatização do sistema de telefonia salvou o Brasil de se tornar o "País dos orelhões" (pelo então alto custa das linhas telefônicas) e que a venda da Nossa Caixa para o governo federal foi um bom negócio, cujos recursos foram revertidos em metrô 5e estradas vicinais.

A petista, então, recorreu aos programas bem-sucedidos do governo Lula e questionou o tucano sobre quais as garantias que ele dá para manter o Minha Casa, Minha Vida. "O Serra assinou no cartório que não seria candidato ao governo de São Paulo e foi. E acabou com programas que o (Geraldo) Alckmin implantou, como a escola de tempo integral. Que garantias temos de que vai continuar os do Lula?"

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